10 anos é muito tempo, principalmente para uma banda que começou sem (se) dar conta. E esta é uma celebração que não pode ser adiada, seja qual for o grau de confinamento. No meio das incertezas e tristezas criadas pela pandemia, os Birds Are Indie e a Lux Records propõem que alguma normalidade e alegria se mantenham no nosso quotidiano. Para isso, nada melhor do que a música de um novo disco...
Os Birds Are Indie assinalam este aniversário redondo com o lançamento de Migrations - The travel diaries #1. Este será o primeiro de dois volumes distintos, o #1 em CD (editado) e o #2 em vinyl (este a ser editado em 2021). Ambos os formatos contarão com a revisita de 5 canções da sua discografia anterior, reinterpretadas e regravadas. Mas como a música lhes parece surgir naturalmente, haverá também lugar para mais 10 faixas novas, estando 5 delas no CD e outras 5 no vinyl.
Com mistura e masterização de João Rui -- que no estúdio conimbricense Blue House trabalhou em discos de bandas como a Jigsaw, From Atomic, Raquel Ralha & Pedro Renato e Wipeout Beat -- todas as faixas tiveram a participação no baixo e algumas teclas do convidado especial Jorri (a Jigsaw), que também colaborou na gravação. Liderar esse processo, como habitualmente, ficou a cargo de um elemento da banda, Henrique Toscano, e o mesmo aconteceu com o artwork e o design, feitos pela mão da Joana Corker.
É conhecida e vincada a geografia musical deste trio de Coimbra: o seu ninho foi construído em forma de bedroom pop, com a folk pelo meio, numa postura DIY minimalista, própria dos primeiros voos, tal como aconteceu com Belle and Sebastian, Yo La Tengo, Moldy Peaches ou Juan Wauters. Com o tempo, as asas da sua pop foram crescendo e aproximaram-se do rock que lhes foi ensinado por nomes como Lou Reed, Dean Wareham, Black Francis e Stephen Malkmus.
Ao longo destes 10 anos de história(s), os Birds Are Indie acumularam diversas viagens, umas físicas e outras sonoras. Se muitas vezes se aventuraram à descoberta, noutras preferiram voltar ao ponto de partida. Com dificuldade em estar muito tempo no mesmo lugar, foram migrando entre conforto e desprendimento, atravessando latitudes bem conhecidas e meridianos algo esquecidos. E tudo isto parece ter um novo e estranho sentido, no contexto actual que vivemos, de isolamento social, vida em suspenso e urgência na adaptação a uma nova realidade.
Em Migrations está muito presente a ideia de ida e regresso, seja porque o disco vagueia entre diferentes períodos na vida musical e pessoal de Ricardo Jerónimo, Joana Corker e Henrique Toscano, seja porque o mote para as letras que o compõem é a sua própria inquietude, ora desamparada, ora desafiante. No fundo, quem vive entre o aqui e o ali, prefere é estar além, como a mestria de Variações tão bem sintetizou. E assim, entre começos e (a)fins, 10 anos depois, inicia-se mais uma viagem...
Com este lançamento surge também um segundo videoclip de uma faixa do disco.“Instead of watching telly” é uma canção originalmente incluída, em 2012, no há muito esgotado álbum de estreia dos Birds Are Indie, How music fits our silence. Esta foi uma das escolhidas para ser regravada, com novos arranjos, que agora faz parte de Migrations - The travel diaries.
Curiosamente, a letra deste tema é como um jogo, em que as vozes de Joana Corker e Ricardo Jerónimo se imaginam num futuro distante, olhando para trás, para quando eram “mais novos”, e ficando contentes por terem decidido fazer outras coisas que não ficar em frente à televisão. A televisão é uma metáfora, claro, porque eles também gostam de lá ver snooker, filmes e o «Crime, disse ela». Por isso, esta é a música perfeita para ser a banda sonora das memórias que 10 anos contêm.
Num período em que as limitações são muitas e em que recordar boas memórias nos pode dar alento para olhar o futuro, este videoclip é uma espécie de álbum de família, folheado ao ritmo de uma canção. Não podia ser mais simples. Mas, ao longo de 10 anos, os Birds Are Indie têm-nos habituado a tornar a simplicidade em algo cheio de significado(s).
[Comunicado de imprensa]